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Considerações finais

Autor(a): André Languer - 27 Ago, 2004
¿Cómo citar este artículo?  

O capitalismo, no final do século passado e início deste, passou por profundas transformações que afetaram profundamente o mundo do trabalho. Seguindo o pensamento de André Gorz somos levados a situar principalmente na revolução tecnológica a razão impulsionadora dessas transformações. A revolução informacional abre uma série de possibilidades para a organização da produção e do trabalho. O capitalismo sabe tirar proveito dessa revolução tecnológica para “emancipar-se” dos constrangimentos tradicionais impostos tanto pelo Estado, como pelo conjunto dos trabalhadores. Essa revolução apresenta duas características principais: ela permite produzir mais, em menos tempo e com menos trabalho; o trabalho, na “economia do conhecimento”, é sobretudo trabalho imaterial.

Instaura-se assim a chamada crise da sociedade salarial. A sociedade do trabalho ou a sociedade salarial é aquela em que cada indivíduo é reconhecimento como sujeito de direitos na medida em que, pelo ‘trabalho’, realiza atividades reconhecidas como úteis pela sociedade e feitas a ela, e que são por ela remuneradas. O salário atesta esse reconhecimento. Mas, falamos de crise, porque as sociedades assim estruturadas já não dão mais conta das necessidades e dos interesses que os indivíduos perseguem dentro dela. O sinal acabou por ser invertido: mais do que inserir, ela acaba por excluir. A sociedade que toma por normal a situação da precariedade, mostra-se cega e impotente em face de tais problemas.

Por outro lado, a economia prioriza cada vez mais o conhecimento, o símbolo, a marca, e procura apropriar-se deles. Em conseqüência, a propriedade e a produção, fundamentais para o capitalismo tradicional, são rebaixados na escala de importância. E com elas o trabalho.

Nesse movimento do capital o trabalho imaterial emerge como categoria importante. Há uma recuperação do conceito de “general intellect”, tomado dos Grundrisse de Marx e que será objeto de estudos e discussões de toda uma linha de pensamento. Este conceito é importante em Gorz. Por meio dele Gorz avança na reflexão sobre a noção de trabalho em contraposição à noção de emprego. Na medida em que o capitalismo avança mediante o uso sempre mais generalizado das novas tecnologias, o conhecimento torna-se a principal fonte de produção. E aqui se dá um embate: por um lado, o capitalismo faz de tudo para não perder esse novo filão que se abre; mas, por outro lado, Gorz procura mostrar os limites que o trabalho imaterial impõe ao capitalismo. Partindo dos conceitos de conhecimento e saber, Gorz toma partido pela sua inapropriação por parte do capital. A razão fundamental é a de que o trabalho imaterial, feito de saberes e conhecimentos que pertencem a toda a humanidade – e não somente a uma pessoa em particular nem a uma geração em particular – não pode mais ser medido, calculado, destacado, separado em peças isoladas, segundo um padrão preestabelecido. Foge da tradicional noção de valor e de riqueza.

Com a temática do trabalho imaterial já estamos colocados no centro de outra questão: o que é o trabalho? Nosso objetivo principal nestas reflexões consistiu em contribuir para a conceituação das noções de emprego e de trabalho a partir da André Gorz, para quem a crise do trabalho é na verdade a crise de um determinado tipo de trabalho, o emprego. Esta forma particular de trabalho, o emprego é uma “invenção” da sociedade industrial e com ela se identifica. Entende-se por emprego aquela atividade exercida na esfera pública, definida e reconhecida como útil pela sociedade e que, por isso, a remunera. Esse ‘trabalho’ deve preencher uma função socialmente identificada e normatizada na produção e na reprodução do todo social. Ele é destacável do seu sujeito, pode ser medido, quantificado, separado. Torna-se um elemento da produção como os demais. Por isso, o emprego é algo que se ‘tem’ ou não se ‘tem’. Os desempregados não o ‘tem’ mais.

Gorz reluta em aceitar essa forma de ‘trabalho’ como “o” trabalho. Para ele, o emprego é a forma histórica que o trabalho assumiu na sociedade capitalista industrial e que tem uma duração muito breve (brevíssima!) considerando-se a história da humanidade. A crítica de fundo é que política e ideologicamente se pretende mostrar que ela sempre existiu e que, portanto, não poderá nunca acabar. Ou seja, que ela é constitutiva da humanidade e da organização social. Pretende-se negar sua historicidade.

No pensamento de Gorz, o trabalho-emprego, fruto da racionalidade dominadora moderna, é um dos elementos centrais de dominação (das pessoas umas sobre as outras, do gênero humano sobre a natureza) e fator determinante da crise ecológica.

Mas, para Gorz, uma coisa está clara: não falta o que fazer. A crítica radical da racionalidade econômica, que transforma o trabalho em emprego, leva Gorz a dar a este um lugar definido dentro da sociedade, a fim de que uma outra gama de atividades mais ricas e realizadoras de sociedade possam ressurgir. Uma das grandes contribuições de Gorz para o debate sobre a questão do trabalho reside, a nosso ver, na nova concepção de trabalho presente na sua reflexão. A evolução tecnológica abre a possibilidade de fazer recuar no tempo e nas nossas consciências o espaço dado ao trabalho com finalidade econômica e abrir um vasto campo de possibilidades para aquelas atividades não-mercantis. Somos defensores da idéia de que, dessa maneira, o trabalho é não apenas produção de bens e serviços, mas também de relações sociais. E é disso que a sociedade tem necessidade.

Entendemos ser de grande importância a evolução que Gorz faz em relação ao conceito de trabalho. Ela é uma grande contribuição para se pensar uma nova organização da sociedade e o lugar que nela terá o trabalho.

Gorz não é apenas um crítico da sociedade que aí está. Se o faz é em vista de uma outra sociedade e de uma outra economia que ele começa a vislumbrar por entre os escombros da arruinada sociedade do trabalho. Ele não diz apenas que por aí não é mais possível caminhar, mas ajuda a indicar possíveis saídas para a crise. Centra a sua atenção em propostas amplas e globais. A redução do tempo de trabalho e a defesa de uma renda cidadã universal, incondicional e suficiente, não devem ser tomadas como propostas isoladas, mas antes como um conjunto de políticas interligadas. Elas, junto com uma terceira que desenvolvemos – economia plural – são imprescindíveis para se pensar uma sociedade, evidentemente com mercado, mas não de mercado. E acima de tudo, contribuir para evidenciar que a grande questão não é mais a da produção de riquezas (produzidas com menos trabalhadores), mas a sua distribuição entre todos os participantes da sociedade.

Foi para contribuir com a consciência de que a crise do desemprego não será superada com mais emprego e de que o êxodo da sociedade salarial se dará ousando propostas novas feitas a partir de um horizonte social e cultural e não primordialmente econômico, que essas reflexões foram realizadas.

Datos para citar este artículo:

André Languer. (2004). Considerações finais. Revista Vinculando, 2(2). https://vinculando.org/brasil/conceito_trabalho/conclusao.html

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