Entre 1995 e 2002, Lula e o PT criticaram sistematicamente as políticas econômicas e sociais do governo FHC, condenando a trinca FHC-Malan-Armínio por manterem o Brasil numa posição subserviente aos interesses do capital transnacional; por aumentarem sempre mais o endividamento público; por priorizarem o pagamento dos juros acima dos investimentos na infraestrutura e nas políticas sociais; por privatizarem o patrimônio público acelerada e irresponsavelmente; por praticarem atos desonestos e até corruptos em inúmeras ocasiões; por prejudicarem assalariados, funcionários públicos e jubilados com políticas de arrocho salarial e com a desagregação da Previdência pública e a privatização dos serviços que eram obrigação do governo prover á população.
Lula Presidente defende hoje, com idêntica verve, as mesmas coisas que condenava como candidato. Não só defende, mas FAZ. Para isto colocou na cabeça do Banco Central um banqueiro transnacional, ex-presidente de um dos bancos credores do Brasil. Para isto fez um novo acordo com o FMI e seguiu suas receitas com maior fidelidade ainda do que o seu antecessor! Que foram as ‘reformas’ da Previdência, Tributária e das Falências, a abertura do setor bancário e financeiro, as isenções de impostos para investidores estrangeiros, senão repetições das receitas neoliberais que o FMI tem espalhado perversamente por toda a América Latina?
Agora como Presidente da República, ele também disse que as críticas que fazia antes eram "bravatas". Então nós trabalhamos por ele em quatro campanhas acreditando que ele falava sério, e ele estava nos enganando?! Enganando a nós, base do PT, que víamos no Lula um porta-voz da nossa indignação e dos nossos anseios; a nós, população brasileira empobrecida, que víamos no candidato Lula a promessa de um início de mudança que apontasse para um Brasil justo, igualitário e solidário; a nós, economistas do PT, que acreditávamos estar alimentando a direção do Partido com análise crítica, com dados interpretados e com reflexão propositiva, para que o Partido cumprisse seu papel de guia da ação dos movimentos populares em luta pela justiça, soberania, equidade e sustentabilidade!
Mas Lula implementou políticas sociais que mais que compensam os problemas que o continuismo econômico gerou, dizem muit@s. O problema é exatamente este: foram políticas compensatórias, assistenciais, nada mais. Começam num ano e acabam no outro. Das 11 milhões de famílias beneficiadas, quantas foram preparadas para uma inserção produtiva que lhes garanta sustentabilidade quando estas esmolas públicas acabarem? Claro, elas estão vivendo melhor do que antes, e a renda que agora apropriam conta para melhorar um pouquinho o quadro da concentração da renda que prevalece há séculos no Brasil. Por isso, elas vão votar no Lula incontinenti. Faça ele o que faça de ilegítimo ou ilegal, aos olhos destes milhões de oprimidos Lula melhorou a vida deles e pronto. Ética? Uso adequado dos fundos públicos? Tudo isso é secundário para quem estava com fome e agora consegue comer… e votar.
As reformas de Lula foram contra-reformas. Ele desperdiçou quatro anos em que:
- Podia ter lançado as bases para uma transformação produtiva e social de repercussão em toda a América Latina. Ela serviria de núcleo irradiador de mudanças de âmbito continental, e serviria de polo aglutinador de forças voltadas para uma integração soberana, justa e solidária do continente!
- Podia ter estrangulado a atividade especulativa dos bancos e das financeiras e orientado a poupança do país para o investimento produtivo.
- Podia ter invertido as prioridades do Orçamento Público, elevando os investimentos públicos na economia interna e nas necessidades da população, gerando uma maré de novos empregos e começando a saldar as dívidas sociais."Como pode um país gastar com sua dívida um valor 4 vezes maior que as despesas com saúde, ou 9 vezes o que destina à educação, ou 35 vezes o que gasta com Reforma Agrária?" pergunta o Boletim Auditoria Cidadã n. 15, set/2006 )
- Podia ter realizado uma auditoria das contas públicas com o exterior e com os credores da dívida interna. Isto viabilizaria uma renegociação soberana das dívidas financeiras nos marcos da Constituição, liberando recursos preciosos para o desenvolvimento do País e para verdadeiras revoluções na educação, na saúde, no saneamento, na habitação e na segurança.
- Podia ter iniciado com a reforma agrária o processo de verdadeiras reformas, capazes de mudar estruturalmente o perfil de distribuição de renda e riqueza no país, nas no campo e nas cidades. Teria custado apenas R$ 8 bilhões por ano, segundo o Plano Nacional de RA elaborado pela equipe coordenada por Plinio de Arruda Sampaio a pedido de Lula. Mas ele engavetou o Plano, dizendo que não tinha dinheiro. Porém, permitiu que o pagamento da dívida pública alcançasse R$ 12,6 bilhões somente num mês, agosto de 2006!
- Podia ter retomado o controle dos recursos naturais do Brasil, terras, águas, minérios, petróleo e gás, em vez de permitir que megaempresas transnacionais ampliassem ainda mais o aperto das suas garras sobre elas.
- Podia ter impedido que os contrabandistas de sementes transgênicas comercializassem sua soja no Brasil, e podia ter criado uma multa sobre suas rendas com exportação, que seria canalizada para a dimensão estratégica do Programa Fome Zero, que visaria educar e organizar os ex-famintos para a autogestão das suas unidades familiares produtivas e para a construção de redes solidárias de comercialização e consumo.
- Podia ter estimulado a Petrobrás e outras empresas de capital nacional a investirem, com apoio governamental, em pesquisa e desenvolvimento de energia a partir de fontes renováveis e de formas não ameaçadoras do meio ambiente.
- Podia ter realizado a única revolução possível neste quatriênio, a da comunicação e da educação das massas para o exercício cada vez mais amplo e profundo da cidadania plena em ambiente de democracia direta. Isto poderia ter sido feito através de um Plano Plurianual de Desenvolvimento realmente participativo, de plebiscitos e referendos sobre temas estratégicos, tais como as licitações de blocos petrolíferos da Petrobrás; as Reformas Agrária, da Seguridade Social (e não só da Previdência!), Fiscal e Tributária; e o desenvolvimento de instâncias efetivamente democráticas e participativas – talvez como o Consea, mas certamente não como o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.
- Podia ter recebido e dialogado com a Rede Jubileu Sul Brasil e a coordenação da Campanha Nacional Contra a ALCA e a OMC, para ouvir nossas propostas e discutir conosco uma estratégia que valorizasse as propostas da sociedade civil e abrisse a possibilidade de um saneamento produtivo, comercial e financeiro para o Brasil.
- Podia ter iniciado processos de auditoria das privatizações da era FHC, começando pela Cia Vale do Rio Doce, que tinha um valor patrimonial de mercado de cerca de 50 bilhões de dólares em 1997 mas foi "doada" por apenas 2,7 bilhões de reais!
- Podia, enfim, ter promovido ativamente a reestruturação do Mercosul na perspectiva de uma verdadeira União de nações irmãs, e podia ter projetado esta União para a dimensão de toda a América do Sul, numa perspectiva bolivariana – soberana, emancipatória e solidária.
- Podia, ainda, ter impedido que o PT se tornasse uma correia de transmissão do seu governo; e um baluarte de atos ilícitos e ilegais a serviço do seu governo, quebrando a tradição partidária da Ética na Política e convertendo de exemplo em vergonha o "modo petista de governar".
Em 2006, o Brasil vai votar sem tesão. Depois da vitória popular de 2002, Lula levou o país à divisão: fragmentaram-se o movimento popular, as esquerdas, a sociedade civil e política. O principal fruto da sua ação foi a desagregação. Política passou a ser, ‘definitivamente’, sinônimo de vergonha, enriquecimento ilícito ou ilegal, desesperança. Nada estimula mais o cinismo e o egocentrismo do que isto. O eleitorado está perplexo. Os votos que Lula vai conseguir nas classes médias e entre intelectuais não é um voto de entusiasmo e convicção, mas um voto de envergonhada desesperança: o voto do mal menor.
Prefiro o voto de protesto. Acho que ele é certamente mais eficaz do que o voto nulo. O segundo turno é outra história. Ninguém duvida de que Lula passe para um possível segundo turno. Portanto, qual é o medo de dar agora um eloquente voto de protesto contra tudo que Lula tem representado de Morte da Esperança e de Medo de Ser Feliz?
Eis minha lista de candidat@s:
- Presidenta: HELOISA HELENA (50)
- Governador: MILTON TEMER (50)
- Senadora: RAIMUNDO DE OLIVEIRA (212)
- Deputada Federal: CECI JURUA (1227) (senão, seria o CHICO ALENCAR 5050)
- Deputada Estadual: ANA MARY CARNEIRO (50789)
Abaixo, outras razões pelas quais você também deveria votar na Heloisa
Helena!!!
Abraços,
Marcos Arruda
POR QUE LULA TEME TANTO HELOÍSA HELENA?
"A ausência de Lula no debate atende pelo nome de Heloísa Helena. Nunca na política brasileira um homem temeu tanto uma mulher". Esta é a síntese do debate de ontem conforme publicado pelo colunista Ancelmo Góis na sua coluna do jornal O Globo.
Esta é a grande pergunta desta eleição. Por que Lula teme tanto Heloisa Helena? Será que é porque Lula mandou Delúbio Soares e José Dirceu expulsarem Heloísa do PT?
Por que Lula teme tanto Heloisa Helena? Será que é porque ela não aceitou que Lula engavetasse as investigações sobre as denúncias de corrupção nas privatizações do governo de Fernando Henrique?
Por que Lula teme tanto Heloisa Helena? Será que é porque ela não engoliu a versão do PT e da polícia civil do governo Alkmin sobre o assassinato de Celso Daniel ter sido "crime comum"?
Porque Lula teme tanto Heloísa Helena? Será que é porque já em 2002 ela pref
eriu renunciar à candidatura ao governo de Alagoas por não aceitar as alianças de Lula com as oligarquias locais?
Por que Lula teme tanto Heloísa Helena? Será que é porque ela se recusou a trair os aposentados votando contra a "reforma previdenciária" de Lula?
Porque Lula teme tanto Heloísa Helena? Será porque ela também é nordestina, de origem humilde, mas ao contrário de Lula não traiu seus compromissos, não se vendeu nem se rendeu?
Por que Lula teme tanto Heloísa Helena? Será que é porque Lula sabe que a saúde pública está sucateada por culpa da sua política econômica e Heloísa sofreu pessoalmente como mãe ao internar seu filho num hospital público de Brasília?
Por que Lula teme tanto Heloísa Helena? Será que é porque Lula não tem explicações a dar sobre o contrato de 15 milhões do seu filho, o Lulinha, com uma concessionária do governo federal?
Por que Lula teme tanto Heloísa Helena? Será porque Lula sabe que Heloísa Helena conhece como ninguém a extensão da sua traição à luta dos trabalhadores e do povo brasileiro nos últimos 25 anos?
Heloísa encerra esta campanha com a consciência de quem travou o bom combate. Seu mandato de senadora, honrado como poucos mandatos na história republicana, acabam em 31 de dezembro. Dizem as pesquisas que será substituída por Fernando Collor de Mello, hoje aliado de Lula em Alagoas.
Em primeiro de janeiro Heloísa estará em Brasília assumindo a presidência da república ou de volta à sua Maceió, à universidade federal de Alagoas onde retomará seu trabalho de professora. Onde quer que Heloísa esteja com ela estará a continuidade do sonho e da esperança de milhões de brasileiros que como ela acreditam no futuro e não temem a luta.
Em nome de milhares, milhões, de cidadãos e cidadãs que voluntariamente se engajaram nesta campanha nos dirigimos a todos para lhes dizer que no planalto ou na planície saberemos, junto com Heloísa Helena, honrar a memória de tantos que no correr dos séculos, lutaram pela emancipação do povo brasileiro.
Sua memória não será traída, suas causas não serão esquecidas.
Datos para citar este artículo:
Marcos Arruda. (2006). Porque voto em HH e não no PT. Revista Vinculando. https://vinculando.org/brasil/voto_hh_nao_pt.html
Fernando Gomez dice
Me parece muy iluso y simplista que se piense que un presidente como Lula va a hacer lo que antes criticaba sin haberse puesto a reflexionar sobre las razones para ello.
Nadie, ni los presidentes de la llamada “izquierda” en Latinoamérica, cambian sus puntos de vista de la noche a la mañana sólo por haber llegado a un puesto de elección popular. En este caso, como en muchos otros, me parece que Lula ha sido obligado a obedecer los designios de los grandes capitales internacionales, y es triste ver cómo la también llamada “izquierda” actual (que ahora critica a Lula) sólo es parte de las fuerzas que lo presionan a seguir por el mismo camino.
Marcos Arruda, ¿realmente has hecho un análisis más profundo de las razones que llevan a Lula a actuar así? No estoy diciendo que lo que hace sea correcto ni justificado, sino que necesitaMOS entender lo que pasa para no jugar, inconscientemente, un juego que nos perjudica a todos.
Hiumallay dice
E as eleições de 2010-primeiro turno acabaram.
Haverá segundo turno entre Serra E Dilma.
Com Serra teremos a continuidade do desmonte do Estado.
Com Dilma a mesmisse de 8 anos do Governo HC.
Não temos saída, lamentavelmente.
E o meu partido …é um coração partido… e os sonhos estão todos vencidos.